15/1/2010
Banana, laranja e mamão lideram o ranking de produtos comercializados na Ceasa de Maracanaú
Fortaleza. As Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), localizadas em Maracanaú e Tianguá, registram crescimento de 9,7% no valor monetário dos produtos comercializados. De 2008 para 2009, a variação corresponde a pouco mais de R$ 58 mil, totalizando R$ 656.677, o que corresponde à comercialização de 522.454 toneladas de produtos. Somente Maracanaú teve um aumento de 9,5%, enquanto que a Ceasa de Tianguá, localizada na Região da Ibiapaba, teve uma variação positiva de 11,8%.
Esse aumento na comercialização de hortifrutigranjeiros é considerado acima dos percentuais históricos. O Entreposto da Ceasa de Maracanaú movimentou, somente em dezembro do ano passado, 36.940 toneladas de produtos. Já a Ceasa de Tianguá respondeu por 6.652 toneladas no mesmo período, apresentando um total no Estado do Ceará de 43.592,6 toneladas de alimentos.
De acordo com o analista de mercado da Ceasa de Maracanaú, Odálio Girão, o aumento na produção e comercialização sempre acontece durante o segundo semestre de cada ano em decorrência do fim do período chuvoso no Estado. "É quando a produção de frutas, verduras e legumes ganham força para aquecer o mercado novamente", diz. Os produtos apontados que lideram o ranking de comercialização na Ceasa incluem a banana (63.511 toneladas), laranja (54.895 toneladas) e o mamão, com uma produção de 24.184 toneladas.
"Além dos consumidores mais frequentes, os turistas também têm influência porque acabam por mudar os hábitos alimentares durante a alta estação no Estado e consomem mais frutas", garante Girão.
Diagnóstico nacional
O aumento no valor da produção nas Ceasas é apontado também pelo Diagnóstico dos Mercados Atacadistas de Hortigranjeiros, publicado este mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O diagnóstico foi realizado entre setembro de 2008 e julho de 2009 com a aplicação de questionários quantitativos e entrevistas qualitativas durante 22 visitas técnicas no País. Foram entrevistados 47 dirigentes e técnicos de 24 instituições gestoras (IG) de mercados atacadistas, sendo obtidos dados de 62 entrepostos atacadistas brasileiros.
O objetivo do estudo é conhecer e delinear as demandas do setor, bem como verificar quais as dificuldades encontradas para se ter um produto com melhor qualidade. Além disso, o estudo mostra que foram comercializados 15,5 milhões de toneladas de hortifrutigranjeiros, em 2007, e que o Estado do Ceará, com os dois entrepostos, ocupou a 11ª posição no ranking nacional. Além disso, o estudo identificou demandas para o País ou que já são instaladas, como a construção de mais um entreposto no Ceará, na cidade de Barbalha.
O diagnóstico também apresenta os trabalhos desenvolvidos pelas Ceasas como parte de atividades empresariais. No caso do Ceará, apenas o programa definido como Varejo Volante é desenvolvido. O programa consiste na comercialização de produtos nos bairros de Fortaleza, Pacatuba, Maracanaú e Caucaia. As demais atividades, como armazenamento, alimentação escolar, varejo fixo, sacolões e feiras ficaram fora.
O mesmo acontece com as ações sociais. Das listadas pelo diagnóstico, apenas a "Assistência Produtor Entreposto" - em que consiste na orientação mercadológica aos produtores da agricultura familiar no Estado - e a educação de adultos são colocadas em prática. As outras ações sociais, como banco de alimentos, coleta e distribuição de alimentos, sopa industrializada, assistência ao produtor no campo, agroqualidade, orientação nutricional e telecentro digital não são colocadas em prática nas centrais.
O estudo é uma forma de detectar quais os problemas das Ceasas e estabelecer metas para que haja uma melhoria neste setor. Para Odálio Girão, a Ceasa tem 37 anos e durante todo esse período não conseguiu melhorar sua estrutura física, bem como nas embalagens utilizadas para os produtos, que precisam ser melhor higienizadas.
"Nesse aspecto das embalagens, não evoluímos como deveríamos. Mas no que se refere à parte física, há previsão para a conclusão do galpão de cereais ainda para este ano. Afinal, a Ceasa é uma mini-cidade, com um fluxo de quase 20 mil pessoas por dia", diz ele.
Infraestrutura precária compromete a eficiência do trabalho de vendas dos hortigranjeiros na Ceasa
MERCADO
"No segundo semestre a produção de frutas, verduras e legumes ganha força para aquecer o mercado"
ODÁLIO GIRÃO
Analista de mercado da Ceasa em Maracanaú
MAIS INFORMAÇÕES
Ceasa-CE
Av. Dr. Mendel Steinbruch, S/N - Pajuçara, Maracanaú/CE, (85) 3299.1200
LEVANTAMENTO NACIONAL
Diagnóstico aponta precariedades
Fortaleza. De acordo com a engenheira agrônoma do Programa de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort/Conab), Candice Romero Santos, responsável também pela pesquisa de campo do diagnóstico feito pela Conab, um dos problemas mais frequentes apontados pelos dirigentes das Ceasas está relacionado à qualidade das embalagens para frutas, legumes e verduras (FLV). "As caixas de madeira retém umidade, não possuem cantos e os alimentos ficam mal condicionados. As caixas de plásticos são melhores, mas, mesmo assim, precisam ser constantemente higienizadas para evitar a proliferação de fungos", diz. Além disso, Candice defende a ideia de que todos os produtos precisam ser etiquetados para que os consumidores saibam a procedência do alimento.
Depois da precariedade relacionada às embalagens, os dirigentes apontam a infraestrutura insuficiente das Centrais de Abastecimento como o segundo problema, seguido da necessidade de expansão, reforma e a demanda de vagas de estacionamento. "Algumas Ceasas ficaram sem ter para onde ir. As cidades foram crescendo e não restou mais espaço para que as Centrais sejam ampliadas", completa a engenheira.
Ainda assim, Candice explica que, como as Ceasas começam a funcionar ainda no início da madrugada, concentra um fluxo intenso de veículos de grande porte e a qualidade do asfalto fica prejudicada. "Outro problema apontado é com relação ao asfaltamento e trânsito. Precisa haver a troca de asfalto", diz.
Os demais problemas relacionam-se com a limpeza, frete e carregadores, classificação FLV, ambulantes, horário, além de catantes, atravessadores, criminalidade, cadastro de produtores, informação de preços e, por último, a portaria.
Candice argumenta que os problemas enfrentados pelas Ceasas são praticamente os mesmos, embora alguns sejam em maior ou menor escala e que, com isso, os desafios propostos para melhorar a estrutura e qualidade dos produtos nas Ceasas são muitos. Segundo o estudo, foram estabelecidos dez desafios a serem implementados pelo Prohort e com indicativos de ações e políticas públicas, promovendo a uniformidade de procedimentos entre mercados.
Entre os desafios, incluem-se a implantação de uma rede de informações e de intercâmbio técnico e de cooperação entre as instituições gestoras de mercados atacadistas; promoção da modernização dos mercados atacadistas, sanidade e inocuidade de alimentos, como também a qualidade dos produtos hortigranjeiros.
MAURíCIO VIEIRA
Repórter
CARIRI
Central do Cariri está prevista para abril próximo
Barbalha. A previsão de início de funcionamento da Central de Abastecimento (Ceasa) do Cariri deverá acontecer até o mês de abril neste município. Em março completa um ano que foi iniciada a obra, que irá absorver a produção de hortifrutigranjeiros local. A gerência do Ceasa esteve na última quinta-feira em Fortaleza, para realizar uma avaliação da obra, que teve atraso no início do seu lançamento, em março do ano passado, pelo governador do Estado, Cid Gomes, em virtude de alguns dias depois a construtora que havia vencido a licitação ter desistido. A estimativa inicial de investimento na obra pelo governo é de quase R$ 7 milhões, beneficiando cerca de 2 milhões de pessoas na região.
Com isso, a Ceasa centralizará o abastecimento de frutas e verduras da região. Atualmente, o mercado que absorve a maior parte dessa demanda é o mercado Pirajá, em Juazeiro. A Ceasa Cariri terá em sua estrutura inicial área construída de 6.317 m; 3.091 m de área para comércio; 68 boxes; 230 vagas para caminhões; 216 vagas para veículos de varejistas; 9.750 m de área de terreno a serem utilizados para administração, banco e estacionamento e 17.196 m de vias de circulação.
Os galpões e administração estão sendo construídos num dos pontos estratégicos da região, às margens da Rodovia Leão Sampaio. A Ceasa de Barbalha terá sete galpões permanentes para hortifrutigranjeiros, lojas e estruturas de apoio com agências bancárias, cartórios, lanchonetes, posto de gasolina e estacionamento.
O governo estima que pelo menos 33 municípios serão beneficiados com a implantação da Ceasa Cariri, que deve aumentar a geração de emprego e renda e contribuir para a economia da região.
ELIZÂNGELA SANTOS
Repórter