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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Tendências da maioria

Noticia mercado
Fonte ABA

O mais recente estudo do Data Popular compreendeu 100 mil entrevistas, realizadas em 180 municípios brasileiros. Os dados levantados dão sustentação suficiente à expressão “tendências da maioria”, empregada preferencialmente por Meirelles para se referir ao universo da classe C, faixa da pirâmide que, segundo o publicitário por formação, apresenta hoje no País “bolso de classe média e cabeça de baixa renda”, isto é, na visão do profissional é preciso mais cuidado na elaboração de peças de propaganda dirigidas à essa camada da população, em razão das diferenças culturais na comparação com representantes de classes de maior poder aquisitivo e maior nível de escolaridade. Entretanto, deve-se salientar que 86% do público pesquisa pelo instituto têm navegado, frequentemente, pela internet, sendo que 69% dos entrevistados fazem compras com cartões de crédito e, dentre os mais jovens, a inclusão educacional já é uma realidade, seja por meio do ensino tradicional, seja por meio de complementação em cursos extra-curriculares, em áreas como, fundamentalmente, idiomas estrangeiros e informática.

A inclusão é, aliás, um dos principais atributos de reconhecimento da classe C que, em suas compras, busca marcas que não só ofereçam vantagens na relação custo X benefício, com promoções e descontos, como também aval social, contextualizando sua personalidade à dinâmica de sua comunidade. Nessa dinâmica, são reis nas faixas de consumo: SMS, dois chips num mesmo celular e redes sociais pela internet. Isto significa que o boca a boca está mais vibrante do que nunca, configurando-se como uma “faca de dois gumes” em estratégias de marketing, pois, em questões de horas uma marca pode ser simplesmente deletada no rol das bem qualificadas pelo público se um aspecto negativo acabar se transformando numa notícia de grande vulto; o contrário, porém, também pode acontecer, levando ao sucesso produtos, serviços ou personalidades que, de fato, caiam no gosto popular.Segundo Meirelles, o estudo pode ser sintetizado nas 10 frases descritas a seguir que traduzem o estado de espírito da classe pesquisada:
  1. “Agora, eu escolho.” Do final da década de 90 para cá, essa faixa da população foi aos bancos abrir sua primeira conta, viajou pela primeira vez de avião e conquistou a posse de um cartão de crédito, portanto...
  2. “Agora, eu quero e posso mais.” Statement associado ao poder dos novos e velozes meios de comunicação, como o celular e o SMS.
  3. “Agora é perto.” Uma maior relação de confiança mútua entre pequeno varejo e consumidor, que também passa pela proximidade geográfica estimulada pelas relações mais intensas entre as pessoas. Quantas vendedoras autônomas temos no Brasil? Pasmem: 2, 5 milhões.
  4. “Agora, eu falo.” O orgulho de ir às compras traz também o orgulho de estar conectado ao mundo pelas redes sociais que transitam na web, nos celulares, no porta-a-porta (44% da classe C no Brasil costuma, quando há disponibilidade, ajudar a cuidar dos filhos dos vizinhos), nas áreas de entretenimento que não param de crescer nos municípios brasileiros, dentre elas as lan houses.
  5. Agora, eu me conecto.” O computador de mesa tem sido visto como investimento familiar, e tem servido à toda família, começando pelos mais jovens, que utilizam esta ferramenta tanto como meio de lazer, como meio de ganho de instrução.
  6. “Agora, eu sei.” O estudo detectou na área educacional, por exemplo, que 33% das famílias entrevistadas têm filhos estudando em colégios particulares.
  7. 7 – “Agora é do meu jeito.” Com esta premissa se associa, principalmente, o comportamento dos jovens, cujas aspirações estéticas chegam até mesmo a ser copiadas pelas classes de maior poder aquisitivo, dinâmica bastante presente nas manifestações artísticas, que acabam também incentivando modismos no modo de se vestir e de consumir determinados produtos.
  8. “Agora, eu sou mais eu.” A premissa anterior dá origem a um reconhecimento mais maduro da própria identidade e, consequentemente, eleva a autoestima.
  9. “Agora, eu me garanto.” Um dos setores que mais cresce em vendas no País, neste momento, é o de produtos e serviços ligados à beleza, ou seja, o segmento de cosméticos e afins. Segundo o Data Popular, esse setor tem crescido mais que o próprio PIB da Nação e retrata, com intensidade, os caminhos de inclusão dessa faixa da população, cuja autoestima elevada faz com que as pessoas querem ser e se vejam mais bonitas em todo e qualquer espelho, inclusive contribuindo para que os cidadãos deixem de temer entrar na luta pela defesa de seus direitos em todos os campos da convivência social.
  10. “Agora, eu não dependo.” Embora alusiva às mudanças de comportamento de toda a base da classe C que, nesta última década, obteve maiores rendimentos e acesso à comunicação, à cultura, à cidadania de modo geral, ela cai como uma luva para as mulheres da base da pirâmide, que, além de dar conta do recado em casa, cuidando da família, têm se valorizado, com muita força e firmeza, no mercado de trabalho: dentre as pesquisadas, 41% das famílias são hoje chefiadas por mulheres, índice que cai para 25% nas classes A e B.

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