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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Setores estão tranquilos com alta do Mínimo

Trabalhador poderia passar a ganhar R$ 800,00 ao invés dos R$ 510,00, definidos pelo governo federal, se a carga tributária não fosse tão onerosa


27/1/2010

Dirigentes acham justo o aumento e não veem forte impacto, pois os trabalhadores já recebem valor superior ao piso

Os setores do comércio e indústria recebem com tranquilidade o reajuste do salário mínimo, que será pago neste fim de mês com o valor R$ 510. Os dirigentes das entidades representativas dos segmentos acham justo o aumento e não vêm forte impacto uma vez que os trabalhadores já recebem valor superior ao piso nacional. Por outro lado, as empresas que remuneram seu pessoal com o mínimo podem ter alguma dificuldade em se adequar a nova realidade.

Roberto Macêdo, presidente da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), considera muito positiva a recuperação que vem ocorrendo no poder aquisitivo do mínimo.

"Apesar de serem poucas as empresas que pagam apenas o salário mínimo, o processo de aceleração que vem ocorrendo em seu valor é muito positivo. É necessário para que haja uma melhor distribuição de renda", destaca o dirigente. Para ele, temos que procurar eficiência, mão-de-obra qualificada e melhor remunerada para termos uma indústria mais competitiva. "Recebemos o aumento com bastante tranquilidade. Está se fazendo justiça", acrescenta.

Na visão de Cid Alves, presidente do Sindilojas (Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza), "se não fossem os ônus tradicionais que acompanham o pagamento de salários, o trabalhador poderia estar cantando vitória a cada novo reajuste do mínimo".

Ele explica que impostos, contribuições e despesas indiretas oneram a folha de pagamento em 50% a 60%, por ano - valores que vão para os cofres públicos. "É um sistema arcaico que na verdade não traz conquistas para o trabalhador; o que é despendido com esses tributos poderia ir para o seu bolso".

Alves acredita, por exemplo, "que o trabalhador poderia passar a ganhar R$ 800 ao invés dos R$ 510, definidos pelo governo federal, se a carga tributária não fosse tão onerosa". "Mas, alguns sindicalistas pensam de forma primitiva, o que leva a conquistas parciais dos seus direitos".

"Se o trabalhador conseguisse receber seu salário integral (sem encargos), iria consumir mais e com melhor qualidade e o Brasil se desenvolveria na mesma proporção que cresce a China", argumenta Cid Alves.

O presidente do Sindilojas adiantou que "o reajuste do mínimo não ocasionará repasses de custos para a mercadoria disponibilizada para o consumidor, pelo menos, de imediato". "O lojista já paga salários acima do piso nacional; não teremos impacto agora", assegura.

Estimativas do Dieese apontam que 1,65 milhão de pessoas que atuam no mercado formal têm remuneração mensal de um salário mínimo. Isso significa que o aumento do piso vai representar a entrada a mais de R$ 74 milhões/mês e R$ 885 milhões no ano.

"Partindo do princípio que o mínimo é referência no emprego informal, este valor é bem superior e o impacto na economia bem mais representativo", menciona Reginaldo Aguiar, supervisor técnico do escritório regional do Dieese .

ISILDENE MUNIZ
REPÓRTER

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